quarta-feira, 22 de julho de 2009

Caso Becker



CASO BECKER
Bayard vai ao STF quebrar sigilo
Médico investigado pela morte de vice-presidente do Cremers vai recorrer ao Supremo para saber detalhes da investigaçãoInvestigado como suspeito de envolvimento no assassinato do oftalmologista Marco Antonio Becker, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Bayard Ollé Fischer Santos, 59 anos, recorreu à Justiça para conhecer os supostos indícios contra ele que fazem parte da investigação da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD).

Depois de conceder entrevista ao colunista Paulo Sant’Ana de Zero Hora, na qual admitiu ser inimigo da vítima, mas negou qualquer participação no crime, Bayard encaminhou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para ter acesso ao inquérito nº 1.000/08 da DHD, que tramita em sigilo, por ordem da juíza Elaine Maria Canto da Fonseca, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre.

Desde meados de junho, quando depôs pela segunda vez, já na condição de suspeito, Bayard, por meio de seus advogados Nereu Lima e Nereu Lima Filho, busca saber o conteúdo das milhares de páginas que descrevem a investigação e o relato das quase uma centena de pessoas interrogadas até agora. O pedido endereçado à DHD foi repassado à juíza Elaine, que indeferiu a solicitação.

Procurado por ZH, Bayard não foi localizado ontem. O criminalista Nereu Lima se limitou a dizer que “ingressou com uma reclamação no STF para ter acesso ao autos”. Segundo ele, a decisão da magistrada fere a Súmula Vinculante nº 14. Editada em fevereiro, a súmula diz que “é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.

ZH procurou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, mas a juíza Elaine não se manifestou até a noite de ontem.

Justificando segredo de Justiça, a Polícia Civil não fala sobre o inquérito. Agentes da Homicídios seguem procurando os matadores de Becker. O oftalmologista foi assassinado na noite de 4 de dezembro, no bairro Floresta, na Capital, atingido dentro do seu Gol por quatro tiros de pistola .40, calibre restrito, disparados com habilidade pelo caroneiro de uma motocicleta modelo Falcon, 400 cilindradas.

Após a execução, os criminosos teriam seguido para uma oficina no bairro Partenon para que fossem alteradas características da moto, a fim de dificultar um eventual reconhecimento do veículo. Uma pessoa teria ouvido a dupla comentar sobre o crime.

Por causa disso, todas as armas e munições calibre .40 apreendidas no bairro Partenon vêm sendo submetidas a uma análise da Delegacia de Homicídios para comparação com os estojos recolhidos no local do crime.

joseluis.costa@zerohora.com.br

JOSÉ LUÍS COSTA
Por dentro da apuração
Dez questões sobre o trabalho policial na investigação da morte do líder médico:
1) Por que a suspeita recai sobre Bayard?
A polícia está convencida de que Becker foi assassinado sob encomenda de alguma profissional da área médica, e Bayard tinha sérias desavenças com Becker.
2) O que a polícia procura nos computadores apreendidos na casa e na clínica de Bayard?
Três notebooks de Bayard foram apreendidos em Roca Sales e encaminhados para perícia. A ideia é encontrar vestígios que confirmem as suspeitas contra Bayard. O exame nos computadores ainda não foi concluído.
3) Para a polícia, quais os motivos que Bayard teria para mandar matar Becker?
Bayard era um inimigo declarado da vítima. Em 2006, durante a presidência de Becker no Cremers, Bayard teve o registro médico cassado, ratificado em abril pelo Conselho Federal de Medicina.
4) Quais pistas ligariam Bayard ao crime?
Uma delas seria a escuta telefônica. A polícia interpretou que algumas conversas gravadas entre pessoas próximas a Bayard apontariam suspeitas sobre ele.
5) Quantos suspeitos a polícia já tem ou teve no caso?
Pelo menos três médicos e um empresário do Vale do Sinos figuraram no inquérito como possíveis suspeitos.
6) O que de concreto a investigação já produziu?
Até o momento, passados mais de sete meses, não existem provas definitivas contra os suspeitos. Foram elencados indícios contra Bayard que levaram a Justiça a autorizar mandados de busca e apreensão na casa e na clínica dele em Roca Sales.
7) Qual o tamanho do inquérito?
Mais de 1,3 mil páginas.
8) Quantas pessoas já foram ouvidas?
Cerca de 70, entre suspeitos e testemunhas.
9) Por que o inquérito corre em segredo de justiça?
O delegado Rodrigo Bozzetto pediu o segredo à Justiça para preservar a investigação e evitar que suspeitos tenham acesso às provas relacionadas. Só deve ser quebrado o sigilo quando o inquérito for concluído e entregue à Justiça.
10) Por que PMs são investigados como supostos executores de Becker?
Porque parte da munição usada para matar Becker pertencia à Brigada Militar – havia sido doada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública à BM para recarga.


MultimídiaBayardAdvogado Nereu Lima questiona em Brasília a decisão de juíza
Fonte: Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sim