quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Paradinha é alvo de reclamações, mas Fifa não vê problemas com o uso do recurso

04/06/2009 - 07h06
Goleiros protestam, mas chefão do apito avaliza moda da 'paradinha'
Luiz Gabriel Ribeiro*
Em São Paulo
A tão comentada vida dura dos goleiros ganhou mais um fator complicador nos últimos tempos. Além de defender uma meta com distância de 7m32 entre cada poste e 2m44 entre travessão e solo, os arqueiros ainda têm que lidar com um recurso quase sempre favorável aos adversários. Moda entre os atacantes momentos antes das cobranças de pênaltis - somente na última rodada do Brasileirão, quatro atletas optaram pela jogada - a 'paradinha' se tornou alvo de protestos, mas é avalizada pela arbitragem.


ATACANTES APROVEITAM 'PARADINHA'

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Mesmo sem ser novidade, o recurso costuma deixar os goleiros sem a menor chance durante as cobranças de pênalti. Apesar das comuns reclamações, não há nenhum tipo de proibição nas regras do futebol sobre a jogada. Paradinha, paradona ou até mesmo um drible momentos antes da batida são totalmente aceitos pelos árbitros. Pior para o goleiro, que na maioria dos casos aparece como vítima da habilidade, criatividade e crueldade dos adversários.

Sérgio Correa da Silva, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, defende que o pênalti, como falta máxima do futebol, não deve beneficiar o infrator. "O árbitro tem que dar toda a proteção ao jogador da equipe que irá cobrar a penalidade", destaca o chefão da arbitragem brasileira em entrevista ao UOL Esporte. A polêmica ganha projeção ainda maior com a postura que o goleiro deve ter para defender a cobrança. Ele não pode avançar e tem que contar com a atenção de seus companheiros, que não devem invadir a área. Sem isso, a sua defesa corre o risco de ser invalidada.

Apesar de já ter se arriscado a bater pênaltis pelo Flamengo, Bruno defende a classe de goleiros e considera covardia o uso da 'paradinha'. O jogador diz que o recurso é uma 'ajuda' fundamental aos atacantes. "Eu acho isso uma tremenda covardia. Claramente, é uma coisa que atrapalha o nosso trabalho. A gente treina muito para pegar os pênaltis e resolvem dar essa ajuda aos atacantes. Então por que não permitem que o goleiro se adiante também? Sou totalmente contra", sentencia Bruno.

'DRIBLE' DE MAICOSUEL EM PÊNALTI É OBSERVADO DE PERTO PELA FIFA

Maicosuel foi responsável por um novo estilo de cobrança de pênalti. Contra o Fluminense, em partida válida pela sexta rodada da Taça Rio, além da tradicional 'paradinha', o meia, então no Botafogo, passou o pé por cima da bola. Fernando Henrique caiu para um lado e a bola entrou mansamente no outro. Presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Correa da Silva confirma que o lance foi observado de perto pela Fifa, que o considerou apenas "inusitado".

"Algumas cobranças com 'paradinha' foram analisadas pela Fifa, que entendeu que todos eles foram legais e não há porque os goleiros reclamarem desse tipo de jogada", comenta o chefão da arbitragem brasileira, que destaca que o árbitro deve estar atento a outros detalhes durante o pênalti. "Árbitro tem que prestar atenção em possíveis invasões ou avanço do goleiro".

Sérgio Correa da Silva ainda coloca a responsabilidade do lance para os goleiros. "Os atacantes têm criatividade e os goleiros devem enganar da mesma forma. O Brasil tem uma excelente escola e tenho certeza que o goleiro encontrará mecanismos para evitar esse tipo de gol", completa o dirigente, que afirma que a única forma, dentro da regra, do arqueiro responder à 'paradinha' do atacante é não escolher um canto, esperar a batida - sem avançar -, e tentar evitar o gol.
PÁGINA ESPECIAL DO BRASILEIRÃO-09
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Cobrador oficial de pênaltis no Vitória, Ramon é comedido sobre o uso da 'paradinha', mas avalia a opção como importante para enganar o rival. "Eu nunca usei a 'paradinha', mas é uma ótima oportunidade para o jogador fazer o gol nas cobranças de pênalti. Tem que ser treinada para não acontecer como com alguns jogadores, que escorregam na hora de chutar", lembra o meia.

Apesar do amplo retrospecto favorável aos atacantes, o recurso pode não funcionar. Além do exemplo citado por Ramon, o goleiro pode não cair na armadilha do atacante ou o batedor pode enganar o rival, mas perder o tempo da bola e errar o alvo. Especialista em 'paradinhas', Maicosuel abusou das jogadas durante os primeiros cinco meses de 2009 com o Botafogo. No entanto, no momento mais importante da temporada, a sua escolha falhou. Contra o Americano, ainda na segunda fase da Copa do Brasil, o time carioca foi eliminado após o meia errar a sua cobrança na decisão por pênaltis.

Apesar dos riscos, o recurso é defendido pelos atacantes. "Quando a gente acerta todo mundo fala que o goleiro é prejudicado, mas quando erramos ninguém fala nada. O importante nessa história é fazer gol", destaca Obina quando questionado sobre o tema. O seu companheiro de Palmeiras, Diego Souza, prefere ser irônico. "Quem sofre são os goleiros. E se fez pênalti, tem que sofrer mesmo".

Marcelinho Paraíba discorda da maioria dos batedores e defende o lado dos goleiros na polêmica. O atacante do Coritiba diz que os arqueiros deveriam receber um auxílio nos lances e até propõe uma mudança na regra. "Talvez se deixassem eles se movimentarem um pouco, não sei... Não sei se é leal ou não [a 'paradinha'], mas não há dúvida que tira o goleiro da jogada e facilita a batida", destaca o jogador.

Cansado de ser 'enganado', Fernando Henrique, goleiro do Fluminense e vítima de Maicosuel nesta temporada, diz estudar formas para surpreender os atacantes. "Quando sei que eles podem bater desta forma, costumo ficar um pouco mais no centro do gol, e normalmente dou uma gingada para dificultar", explica. Harlei, goleiro do Goiás, também já traçou planos para evitar levar gols com 'paradinha'. "Resta esperar o cobrador definir o canto para saltar. Se não houver uma mudança nas regras num curto prazo, as penalidades vão ficar sem graça", encerra.

* Com escritórios do Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo e Paraná UOL CelularAcompanhe a temporada de Fórmula 1 também em seu celular.
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