quarta-feira, 6 de maio de 2009

Petróleo

Pedro H. Gonçalves 02 Maio 2009 - 16h03 - Correio da Manhã (Portugal)


Tupi: Galp participa na exploração de uma das maiores reservas de petróleo do mundo
“Petróleo do Brasil é dos brasileiros”
Brasil prepara novas leis que podem complicar o futuro das empresas petrolíferas estrangeiras a actuar no país. Galp garante que não está preocupada.




O presidente do Brasil, Lula da Silva, garante que “o petróleo do Brasil é dos brasileiros” e prepara-se para aprovar novas leis relativamente à extracção do petroleo em que os contratos assinados “serão a pensar nas gerações futuras”.



A Galp, que tem cinquenta contratos com o governo do Brasil, no entanto não se mostra surpresa com esta atitude defensiva.



“Não estamos preocupados”, referiu em conferência de imprensa esta sexta-feira, no Brasil, Ferreira de Oliveira, presidente executivo da Galp, salientando que tem a garantia do ministro da Energia brasileiro da “santidade dos contratos assinados”, e não fica surpreendido pelo facto de no futuro poder ser legalmente mais difícil explorar petróleo em terras e águas brasileiras. Agora que é público a riqueza petrolífera do país, “é normal que as regras mudem”. O novo regime jurídico, que ainda terá de ser apresentado ao presidente do Brasil, deverá exigir uma maior carga fiscal das empresas petrolíferas estrangeiras para explorar as reservas petrolíferas do Brasil ou mesmo ‘fechar a porta’ a muitas dessas empresas.



Contudo, a Galp aposta forte no Brasil, país onde tem direccionado metade do seu investimento total de exploração e produção, 900 milhões até 2013.No passado dia 1 de Maio a produção começou no poço brasileiro de Tupi, a 280 quilometros da costa do Rio de Janeiro, naquela que é a considerada uma das maiores descobertas mundiais a nível de reservas de petróleo e gás. No poço do Tupi, a Galp tem 10% da exploração e apesar de agora, numa fase de testes, apenas serem produzidos 14 mil barris por dia, as expectativas é de que em 2010 este poço produza 100 mil barris por dia.



É um terço de tudo o que se consome por dia em Portugal a nível de petróleo. Mesmo assim, Ferreira de Oliveira reitera que um dos objectivos da Galp é chegar aos 300 mil barris por dia, o que significaria que Portugal seria autosuficiente em matéria de petróleo e gás. “Queremos crescer com os pés na terra, mas com a ambição firme de atingirmos a autosustentabilidade em termos de petróleo e gás”, referiu Ferreira de Oliveira. E de acordo com o responsável da Galp, as reservas da empresa estão avaliadas em 2,1 mil milhões de barris. Se fosse possível utilizá-las todas simultaneamente, seria o suficiente para abastecer todo o mercado nacional durante 21 anos.



Em 2020, a estimativa é de que as partipações da Galp em poços de petróleo espalhados pelo globo,chegue aos 150 mil barris por dia, metade das actuais necessidades nacionais.



SAIBA MAIS



- Actualmente, a produção da Galp situa-se em 15 mil barris, especialmente com poço de petróleo em Angola

- No total, o investimento de exploração e produção da Galp em todo o mundo ascende a 1,9 mil milhões de euros.

- A exploração petrolífera da Bacia de Santos, considerada como uma das maiores reservas do mundo, é para Ferreira de Oliveira “o maior projecto industrial do mundo da próxima década”



GALP PODE CHEGAR A TER 800 MIL BARRIS/DIA


Com o arranque da exploração do campo Tupi, que está a ser explorado por um consórcio que integra a Petrobras, BG e Galp, a empresa petrolífera portuguesa ganha acesso potencial a 800 mil barris por dia, num futuro a longo prazo. O campo do Tupi é uma reserva de petróleo onde se estimam que possam ser extraídos até oito mil milhões de barris de petróleo e gás natural.



A importância da exploração deste poço de petróleo foi considerado pelo presidente Lula da Silva, como “a segunda independência do Brasil”, na qual a Galp tem uma fatia de 10% de tudo o que seja extraído. Ferreira de Oliveira refere a sua convicção de que a actual administração da Galp “está claramente a construir uma empresa de petróleos de média dimensão” após a sua aposta no Brasil. Os analistas da empresa consideram que os activos da Galp deverão valer entre 5 mil a 6 mil milhões de euros, sendo que o Brasil tem uma fatia que ultrapassa os 70 por cento.

'OPEP NÃO MANDA NADA”

O presidente do Brasil, Lula da Silva garante que que não tem “nenhuma paixão” de entrar na OPEP. “Parece que a OPEP tem todo o poder que pensa que tem”, ironizou Lula da Silva, que questionou ainda, “quando o preço aumenta, a OPEP diz que não é ela, quando o preço baixa, também que não é por sua causa, então qual é o seu poder?”. O presidente do país que se está no caminho de se tornar num dos mais importantes exportadores de petróleo do globo lançou ainda críticas aos países mais ricos, por causa da crise económica e financeira que actualmente se vive.



“Hoje, quando eu converso com o presidente Obama, com a Angela Merkel, da Alemanha, com o Gordon Brown, da Inglaterra, com o Sarkozy, percebo que eles estão numa situação muito difícil porque ninguém tem resposta para a crise. Eles não sabem o que fazer porque também ainda não sabemos o tamanho desta crise e não sabemos se já chegou no fundo do poço”, acrescentou Lula da Silva que ironizou o G20. “Agora, somos importantes, sou convidado para o G20, G8, tudo que tenha G”.




Pedro H. Gonçalves, Enviado especial ao Rio de Janeiro



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