Mensagem para Obama: ‘Chegou a hora de fechar a Escola das Américas!’ | |||||||||||||||||||||||||
Ativistas de direitos humanos, líderes religiosos e veteranos das Forças Armadas se dirigiram a Fort Benning, na Georgia, nos Estados Unidos, para pedir o fechamento de uma conhecida escola de treinamento militar que disciplinou os mais brutais soldados e ditadores da América Latina. A análise é de Marie Dennis, diretora do Escritório de Assuntos Internacionais da congregação Maryknoll e co-presidente da Pax Christi Internacional, publicada no sítio National Catholic Reporter, 21-11-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto. A Escola das Américas do Exército norte-americano (SOA), rebatizada em 2001 como Western Hemispheric Institute for Security Cooperation (Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança), tem uma longa e vergonhosa história de educação para a tortura, extorsão e execução para alguns infames ex-alunos como Manuel Noriega, o ex-ditador do Panamá. Aproximadamente 60 mil alunos retornaram a Bolívia, El Salvador e Nicarágua para eliminar líderes de direitos humanos, dissidentes políticos e civis inocentes nas freqüentes lutas violentas pela justiça social. Dois ex-instrutores da escola, coronel Alvaro Quijano e major Wilmer Mora, foram presos em agosto por apoiar o líder de um cartel de drogas colombiano, que está na lista dos mais procurados do FBI. No ano passado, o governo colombiano se juntou à Costa Rica, Argentina, Uruguai e Venezuela ao anunciar que também irá retirar seus soldados da escola. A Bolívia tem boas razões para encerrar sua afiliação a essa infame escola. Hugo Banzer Suarez, que governou a Bolívia nos anos 70 sob uma brutal ditadura militar, participou da escola em 1956 e foi depois introduzido no seu “Galeria da Fama”. Em 1989, seis padres jesuítas, seu companheiro de trabalho e sua filha adolescente foram massacrados em El Salvador. Uma força-tarefa do Congresso norte-americano anunciou que os responsáveis pelos assassinatos foram treinados pela Escola das Américas. Manuais de interrogação usados pela escola e revelados pelo Arquivo Secreto Nacional revelaram uma horrenda lista de “técnicas coercivas” semelhantes às usadas pelos oficiais militares norte-americanos para abusar de detentos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque. Diversos sobreviventes das torturas de toda a América Latina estarão entre os 15 mil manifestantes pela não-violência em Fort Benning, reunidos para vigílias de orações, encontros e seminários organizados pelo School of the Americas Watch, fundado pelo Pe. Roy Bourgeois, da congregação Maryknoll. Os republicanos Jim McGovern, de Massachusetts, e John Lewis, da Georgia, defenderam leis para cortar os recursos para a iniciativa. Em junho, 203 membros do Congresso apoiaram a emenda McGovern-Lewis, apenas seis votos a menos do número necessário para ser aprovada. O presidente eleito Barack Obama falou eloqüentemente durante a campanha sobre a necessidade de pedir um posicionamento moral dos EUA no mundo. Ele pode começar emitindo uma ordem executiva para fechar a escola, tomando uma nova direção na política exterior dos EUA com a América Latina. Já está na hora de fechar as portas de uma instituição que é emblemática de como o incontrolável militarismo norte-americano difunde a violência e a instabilidade ao redor do mundo. De acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso norte-americano, o país lidera o suprimento de armas ao mundo em desenvolvimento com mais de 10 bilhões de dólares em armas vendidas. Quanto a alta retórica sobre o plantio de sementes de democracia é minado por política externas destrutivas, o mundo tem razão em ver os EUA como hipócritas e perigosos, em vez de ser um farol luminoso de liberdade. Como o premiado correspondente do New York Times, Stephen Kizner, relata em seu livro “Overthrow: America’s Century of Regime Change from Hawaii to Iraq”, nosso governo, durante muitos anos, usou seu poder militar, política e econômico em terras estrangeiras com conseqüências devastadoras. Um novo modelo de engajamento internacional, guiado por um compromisso com o bem comum global e justiça social, é necessário em nosso mundo que rapidamente se encolhe. Isso significa escolher a diplomacia sobre o unilateralismo, acordos de comércio justos, cancelamento da dívida para nações pobres e uma reforma de imigração compreensiva que trate das conexões entre a pobreza e a migração. Os padres e irmãs católicos, líderes de grupos, estudantes e pacifistas comprometidos que estiveram juntos em solidariedade na Escola das Américas trouxeram o que há de melhor em suas mentes e em seus corações para esses desafios morais profundos do nosso tempo. Aqueles entre nós que ainda acreditam que outro mundo é possível devem se juntar a eles. | |||||||||||||||||||||||||
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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Escolas da Américas
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